Garrafa e meia. Vinho tinto,
demi-sec, como se eu soubesse. Meu barco desancorado. Céu de um
laranja áspero, cítrico, caprichoso. Brisa de outono, de ter escolhido o casaco
errado. Os olhos ao mar, marejados. As pontas dos dedos, distantes, não chegam à
água. Garganta de nó, enjoo de boca, parece que passa. O telefonema nem recebido já foi silenciado. Esfinges e dores que não se explicam e as ondas já levaram. Indo assim, à deriva, é só em mim que eu deságuo. Capitã tem um
problema: está de barco no asfalto.
É muito mar pra pouca vida; quem sossega?