Amadas, eu descobri uma coisa. Na verdade, descobri várias. Essas
epifanias geralmente me aparecem em momentos em que algo não vai bem - tenho
essa espécie de mecanismo interno que me faz extrair sentidos das experiências,
por piores que elas sejam. Além disso, por minha formação – sou psicóloga -, sou
muito observadora com as minúcias dos afetos e das relações humanas. Hoje, faço
questão de me voltar ao universo das problemáticas femininas. Tenho
conhecido mulheres incríveis, independentes, atraentes, inteligentes – e dolorosamente
traumatizadas por sucessivas frustrações amorosas. Ninguém pode dizer que é
justo. Esbarrar no vazio do outro dói, minhas queridas. Por isso, resolvi
vasculhar no meu arsenal. Dividir meu aprendizado. Pode gerar conforto e
identificação – desse lado, aqui,
também. Eis o meu pequeno e grosseiro apanhado de lições extraídas na última
década:
1- O ‘amor da sua vida’ é sempre o atual
Temos a ânsia de marcar a existência dos
outros. É muito comum ver no discurso das pessoas, sobretudo as mais jovens, a
ideia de que a relação com fulano foi insuperável,
e que ele não encontrará nada melhor depois disso. Existem pessoas que
marcam mais do que outras – mas não espere que sua bandeira permaneça fincada, invicta,
por muito tempo. Amor maior existe. Isso pode ser sua maior esperança ou seu
pior pesadelo. Aceite que amores maiores virão – para você e para ele.
2- Sintonia é uma junção de solidões
Bacana, bonito, bem resolvido – nada disso
irá realmente importar se ele não ceder espaço para você em sua vida. A esse
espaço, dou o nome de solidão, que é
a condição estrutural humana; uma espécie de vazio que se traduz em necessidade
de colo e parceria, que esquecemos embaixo de camadas e camadas de experiências
ruins e indisposição afetiva. Para se envolver, é preciso mostrar certa vulnerabilidade. Se o rapaz divide
solidão com você, e permite que você divida a sua com ele, algo realmente
interessante e íntimo pode surgir disso. Fique atenta.
3- Medo
e hábito se confundem com amor
Lembro-me
que em alguns términos que vivi, naqueles primeiros dias em que o estômago fica
embrulhado, eu sentia certa inveja das amigas solteiras – elas pareciam isentas
da possibilidade de sentir desgosto. Pareciam leves, confortáveis naquele
período gostoso em que já não há mágoa passada e nem a ansiedade do próximo cara. Pareciam bem - não tem como se machucar estando no banco dos reservas. Quando
você está dentro de uma relação, em campo, é difícil sair. É comum que só meses depois do
término você realmente perceba que estava insuportável viver naquele par. O
hábito nos cega – e nos dificulta de reavaliar e tomar a decisão certa. Quem
tem medo de dar tempo está mais do que certo – é no “dar tempo” que a pessoa se
lembra de que estar sozinho é possível, viável e bastante prazeroso. Como em um
episódio de Friends que Chandler diz a Richard, ex-namorado de Monica: “You made my girlfriend think!”. E, se
pensar é perigoso, é porque a relação está pautada apenas no afetivo, que é
transitório – e nada realmente bom pode sair disso.
4- Saiba o jogo que você quer jogar
Para
cada jogo, regras e objetivos diferentes. Saiba seu objetivo
e tenha foco, para encontrar jogadores que
queiram o mesmo que você. Faça um teste: jogue totó com uma bola de futebol e veja a merda que dá. Não cabe, não é mesmo? É isso que acontece quando você não banca seu desejo e entra em uma partida de um jogo que não é o seu. Como atingir seu objetivo?
5- Você precisa se melhorar - mesmo se tiver feito tudo certo
Use as suas experiências a seu favor. Mesmo que a "culpa" do fracasso da relação recaia em maior parte sobre ele, encontre algo que você poderia ter feito diferente e se engaje para melhorar em seu próximo relacionamento. Cresça a partir das novas oportunidades e novos amores. Você só tem a ganhar ao adotar essa postura. De verdade.