21.6.14

girl talk

Amadas, eu descobri uma coisa. Na verdade, descobri várias. Essas epifanias geralmente me aparecem em momentos em que algo não vai bem - tenho essa espécie de mecanismo interno que me faz extrair sentidos das experiências, por piores que elas sejam. Além disso, por minha formação – sou psicóloga -, sou muito observadora com as minúcias dos afetos e das relações humanas. Hoje, faço questão de me voltar ao universo das problemáticas femininas. Tenho conhecido mulheres incríveis, independentes, atraentes, inteligentes – e dolorosamente traumatizadas por sucessivas frustrações amorosas. Ninguém pode dizer que é justo. Esbarrar no vazio do outro dói, minhas queridas. Por isso, resolvi vasculhar no meu arsenal. Dividir meu aprendizado. Pode gerar conforto e identificação – desse lado, aqui, também. Eis o meu pequeno e grosseiro apanhado de lições extraídas na última década:

1- O ‘amor da sua vida’ é sempre o atual
Temos a ânsia de marcar a existência dos outros. É muito comum ver no discurso das pessoas, sobretudo as mais jovens, a ideia de que a relação com fulano foi insuperável, e que ele não encontrará nada melhor depois disso. Existem pessoas que marcam mais do que outras – mas não espere que sua bandeira permaneça fincada, invicta, por muito tempo. Amor maior existe. Isso pode ser sua maior esperança ou seu pior pesadelo. Aceite que amores maiores virão – para você e para ele.

2- Sintonia é uma junção de solidões
Bacana, bonito, bem resolvido – nada disso irá realmente importar se ele não ceder espaço para você em sua vida. A esse espaço, dou o nome de solidão, que é a condição estrutural humana; uma espécie de vazio que se traduz em necessidade de colo e parceria, que esquecemos embaixo de camadas e camadas de experiências ruins e indisposição afetiva. Para se envolver, é preciso mostrar certa vulnerabilidade. Se o rapaz divide solidão com você, e permite que você divida a sua com ele, algo realmente interessante e íntimo pode surgir disso. Fique atenta.

3- Medo e hábito se confundem com amor
Lembro-me que em alguns términos que vivi, naqueles primeiros dias em que o estômago fica embrulhado, eu sentia certa inveja das amigas solteiras – elas pareciam isentas da possibilidade de sentir desgosto. Pareciam leves, confortáveis naquele período gostoso em que já não há mágoa passada e nem a ansiedade do próximo cara. Pareciam bem - não tem como se machucar estando no banco dos reservas. Quando você está dentro de uma relação, em campo, é difícil sair. É comum que só meses depois do término você realmente perceba que estava insuportável viver naquele par. O hábito nos cega – e nos dificulta de reavaliar e tomar a decisão certa. Quem tem medo de dar tempo está mais do que certo – é no “dar tempo” que a pessoa se lembra de que estar sozinho é possível, viável e bastante prazeroso. Como em um episódio de Friends que Chandler diz a Richard, ex-namorado de Monica: “You made my girlfriend think!”. E, se pensar é perigoso, é porque a relação está pautada apenas no afetivo, que é transitório – e nada realmente bom pode sair disso.

4- Saiba o jogo que você quer jogar
   Para cada jogo, regras e objetivos diferentes. Saiba seu objetivo e tenha foco, para encontrar jogadores que queiram o mesmo que você. Faça um teste: jogue totó com uma bola de futebol e veja a merda que dá. Não cabe, não é mesmo? É isso que acontece quando você não banca seu desejo e entra em uma partida de um jogo que não é o seu. Como atingir seu objetivo?

5- Você precisa se melhorar - mesmo se tiver feito tudo certo
Use as suas experiências a seu favor. Mesmo que a "culpa" do fracasso da relação recaia em maior parte sobre ele, encontre algo que você poderia ter feito diferente e se engaje para melhorar em seu próximo relacionamento. Cresça a partir das novas oportunidades e novos amores. Você só tem a ganhar ao adotar essa postura. De verdade.