10.4.14

carta de perdão

Hoje vou perdoá-lo
Para assim perdê-lo
Soltá-lo
E devolvê-lo
Perdoar por ter me devolvido
A esses caras
Ter me deixado livre
Pra todos esses caras
Por não ter sido
Esses caras
Por ter me perdoado
Quando era pra sentir raiva
Por ter tocado meus ombros
Quando era pra tocar
Meu âmago
Quando era pra me procurar
Em meus escombros
E se confortar
Nos meus cantos
Quando era pra eu ser chão
E você teto

Mas hoje vou perdoá-lo
Para assim sabê-lo
Soltá-lo
E devolvê-lo
Perdoar por ter me devolvido
A sonhos crus
Sem rosto sem
Cheiro

Perdoá-lo por ter me tornado
Meu avesso
Por ter me tornado
Possível


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Nota: Primeira poesia em anos. Com calma, que eu sou de prosa.